Anarquismo verde

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Foto de Walfrido Neto- Anarquia Verde

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sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

À beira da Ribeira











Ao sol sossobrante da ribeira,
Sento-me só, sento-me à beira,
Penso qual seria eu?
Arbusto ou trepadeira?
Que arquétipo seria meu,
Carvalho ou velha figueira?

À brisa refrescante da ribeira,
sinto-me só, sinto-me à beira,
da loucura em tua palavra certeira.
das tuas carícias em versos,
que perversos, sou mulher que incendeia.


Que fruto seria meu?
Maçã de cobra sorrateira?
Enfeitiçando, atirando ao fogo,
Meu corpo de madeira.

Ao relvado verdejante da ribeira,
Só, nua, sinto-me inteira,
Dispo-me e espremes meu suco,
Em letras, para ti, sou videira.

No úmido hálito da ribeira,
À lua, dou-te minha rosa, brejeira,
Tocas-me e eu retruco,
Em teu corpo sinto-me faceira.

À borda secreta da ribeira,
umedeço-me por ti inteira.
Abro-me, dou-te meu muco,
dando-te à boca o seio-suco,
que sei que tanto anseias.


Sentindo-te não querer-te
débil, castrado, eunuco
para ter-me por tua, mulher, nua
dando-te em meu ninho à lua, inteira.


Ana Lyra



Nota da autora:

Este poema... Eu gosto particularmente dele pois tem uma métrica assimétrica, tem uma musicalidade que parece meio valseada, não sei bem como explicar, mas eu ouço ele...

É bom ser livre não? Pelo menos na poesia!!!

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