Anarquismo verde

Anarquismo verde
Foto de Walfrido Neto- Anarquia Verde

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quarta-feira, 31 de março de 2010

MAGREZA


Quero falar da magreza,

fina "fartura",

beleza seca,

tem medo da mesa...



Nota do autor:

"Abaixo a ditadura do peso!"
Roberto Armorizzi

terça-feira, 30 de março de 2010

HISTÓRIA DE UM SER-AÍ


História de andar,
sofrer,
cantar,
sorrir;

história de falar,
querer,
orar,
pedir;

história de mandar,
pensar,
matar,
ferir;

história de não dar,
não ter,
roubar,
mentir;

história de tentar,
perder,
ganhar,
cair;

história de viver,
voltar,
amar,
sentir;

um pouco de ficar,
um tudo de partir,
um só querer: não ir...


Nota do autor:
‘História de uma “especial natureza”, achada e perdida no tempo.’
Roberto Armorizzi

MUNDO SEM LUGAR


Dois demônios, irmãos gêmeos,
tão aflitos zombeteiros,
tão “corretos”, tão boêmios,
são autênticos “arteiros”;

de uma era sem poética,
vêm do sonho acordado,
numa ótica patética,
fazem rumo tresloucado;

eles vêm de algum “inferno”,
para nos atormentar,
fazem tenebroso inverno,
nesse mundo sem lugar.

Nota do autor;
“Dois demônios, Sardônio e Sardaneu, nascidos do nada, das profundezas do inconsciente ou de algum inferno produzido por uma metáfora deste mundo sem lugar, onde vivemos a sonhar e a poetar.”
Roberto Armorizzi

domingo, 21 de março de 2010

MUNDO DEMENTE


Da janela fechada,
“vejo” o som da noite,
da cidade “reluzente”;
são ruídos do aço tangente,
tal qual ranger de dentes,
assaz estridente,
delírio pungente,
a ruir meus tímpanos, ouvidos,
e a procurar espaço,
no bagaço,
ferindo gente,
que passa em frente,
assim tão crente;

a dor de um mundo ferido,
que hoje jaz morrido,
sofrido, sem alarido... perdido
pela força da voz decadente, pendente,
em um mundo de gente,
que passa imprudente, ausente,
é o fim para quem, ao menos, sente,
e chora, e dorme...
sob um mundo
mais que carente,
descrente, “livre”, impotente;

e continua para quem se vale...
de tudo que se apresente,
seja decente
ou incoerente...
literalmente,
não há quem aguente!


Nota do autor:
‘A vida passa e o fruto não fica; “ó vida rica!”’
Roberto Armorizzi

quarta-feira, 17 de março de 2010


COISAS DO EGO.

Nunca gostei de ser o melhor amigo de alguém, pois não há quem seja perfeito o bastante para ocupar essa posição. É que todo e qualquer pequeno lapso que tal amigo cometa, será o bastante para o outro, que não vê seus próprios erros, o julgar.
Não é à-toa que, em todo momento, ouvimos muita gente lamentando-se por ter conseguido se desentender com o seu melhor amigo.
Por isso, quando alguém quer me eleger tão virtuoso personagem, digo que essa “imagem” está em outra pessoa, e não em mim.
Das duas, uma: ou esse alguém vai procurar o “amigo perfeito” em outro lugar ou aceita o amigo comum e imperfeito que sou. É uma questão de escolha (Livre Arbítrio).

Nota do autor:
"O melhor amigo, na verdade, deixa o outro mal-acostumado."


Roberto Armorizzi

quarta-feira, 10 de março de 2010

DESENCONTRO


Que indignação é essa?

Achas que brincaram com teu sentimento?

Mas, ao menos, ao outro compreendeste?

A isso, permaneces ausente?

Não será

que surgiste do nada,

invadiste seu caminho,

e primeiro, com ele, brincaste,

ficando a isso, indiferente?

Por que uma simples reação

foi motivo para formar

total desencontro,

uma bola de neve,

a rolar sem sentido aparente?

Será que a isso pode responder

o ego, quando vê

um sentimento de perda querido,

belo termo técnico usado

pelo psicólogo instruído,

quando quer ser convincente?

Bela forma de ir em frente,

afastando-se de um grande amigo,

sem, ao menos, querer entender

que o mesmo também sente.


Nota do autor:


"O ego parece ser o grande pretexto para justificar o desencontro."


Roberto Armorizzi

terça-feira, 2 de março de 2010

O SER-EM-SI, PARA O SER, NÃO É

Não sou o que queria
nem o que quisesse ser,
pois não sou o que devia ser;
sou um ser que seria,
se pudesse ter sido
ou querido não ser;

mas sou um ser que será
na medida que seria,
se, livre, pudesse ser
o ser que nunca fui;
sou um ser que seria,
se pudesse, no não-ser, ter sido;

não deveria ter sido ser,
mas um belo não-ser!
Pois nunca me foi dado saber
sobre meu ser-em-si,
- Fui, sou e serei?
Sinceramente, não-sei!

Nota do autor:
“Querer ser ou ter sido, não é ser. Mas tudo teria mais sentido, se não se fosse meramente ser, mas não ter sido o ser menos sentido, do que viria ser o tendo sido do então ser.”

Roberto Armorizzi

VOLÚPIAS DE AMOR


Ventos soprados por bocas
em beijos invisíveis;

ventos que alisam as nuvens
em toques mui’sensíveis;

bocas que se unem em ritos
de ânsias tão incríveis;

mãos que se afagam em busca
de desejos bem visíveis;

flores, nos campos,
dão claros risos de cor;

bocas e mãos se perdem
em múltiplas volúpias de amor.


Nota do autor:
“Os seres buscam saciar seus desejos, em constante frenesim suavizado pelo embalar dos ventos.”
Roberto Armorizzi