Anarquismo verde

Anarquismo verde
Foto de Walfrido Neto- Anarquia Verde

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quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

JOGO ...


Mundo incerto
onde tudo se confunde,

de um lado,
é raro perfume,
de outro,
mau costume;

não devia,
desigual loteria!

Nota do autor:
“E o princípio da simetria?”
Roberto Armorizzi

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

JOGAR ...


Domingo
é dia de “bingo”,
de perder para o “Ringo”,
e ganhar
só um “pingo”.

Nota do autor:
“Têm coisas na vida que nos levam muito mais do que nos dão.”

Roberto Armorizzi

FAÇA...


Olhe ao seu redor,
faça tud’o que quiser,
menos não amar...

Nota do autor:
“Deixar de amar não é fazer o que se quer. Ou é?”

Roberto Armorizzi

FORMA


Mulher sem véu,
homem de chapéu ...

Nota do autor.
“O mesmo ser ...”

Roberto Armorizzi

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

NÃO-LINEAR




Sistema vivo:
aberto onde está,
fechad’onde é!

Nota do autor.
’O sistema vivo é aberto no “ente”, porém fechado no “ser”.’

Roberto Armorizzi

domingo, 19 de dezembro de 2010

TUNDRA


Gélida tundra,

força opressora do mal,

corpo carnal.

Nota do autor.
“Corpo corruptor da alma.”

Roberto Armorizzi

BURIL


Perdido na fúria
de um dia de sol,
não olho a penúria,
mas vej'o paiol
que explode minh'alma,
de modo sutil,
invade-me a calma,
perfurante buril.

Quero enfim ser feliz,
mas felicidade é surto,
período tão curto,
que o tempo não diz.

Nota do autor:
"O tempo nos rouba a beleza."

Roberto Armorizzi

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

O TREM

Que barulho ruim!,
Já sei o que é! Eu, hein?!
Apito de trem!!!

Nota do autor.
“Sério incômodo para quem reside perto de via férrea.”

Roberto Armorizzi

CAMINHO


O galho evola frescor,
a ave constrói seu ninho,
o mundo esquece o'amor,
a vida ladeia o caminho.

Nota do autor.
"Vista lateral noturna do metrô norte."

Roberto Armorizzi

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

METRÔ-NORTE


Olho à noite,
de dentro do metrô-trem,
não vejo ninguém.

Nota do autor.
“Vista lateral noturna do metrô norte.”

Roberto Armorizzi

terça-feira, 7 de dezembro de 2010

SILFA DE HOJE-EM-DIA


Quem “mais ria”?
A dor que’o berço do mundo,
paria?
Agora, tanto amor não viria

de’uma autêntica
silfa de hoje-em-dia.
Era triste’a flor que o tempo
havia,

mas hoje ela caminha
a largo passo,
no caso de andar sem laço
e sonho, pela via.

Nota do autor.
“O amor sofrido de antanho, não o ferem mais nossos dias.”

Roberto Armorizzi

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

AFLITO INFINITO...


Queres, eu sei, tocar o infinito,
é este o teu discurso mais bonito,
mas vejo que ficas bem mais aflito,
por seres assim infinitamente finito.

Nota do autor.
“O infinito não nos alcança.”

Roberto Armorizzi

terça-feira, 30 de novembro de 2010

SAIA DA MORENA


Hoje m’embolo
na saia da morena,
que não cobre’o véu...

Nota do autor.
“O amor invade o sagrado.”

Roberto Armorizzi

domingo, 28 de novembro de 2010

POLUIÇÃO...


Carros passando
e pessoas pensando...
Cheiro de enxofre!

Nota do autor.
“Uma questão: o que mais polui?”

Roberto Armorizzi

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

QUEM SERÁ?


Quem será este ser invisível
que tens assim próximo ao peito?
Será teu feliz mundo
mais-que-perfeito?
Ou algum triste rastro
de dor e amor desfeito?
Será teu seguimento
ou apenas amor de momento?
Será ser-do-teu-ser
ou apenas testamento?

Será’o bastante fazer?

Conceber,
sublime momento!

Nota do autor.
“Amar não é brincar de amor.”

Roberto Armorizzi

EU CRESCI PARA VER ...


... Foi aí que eu vi

o mundo pensar grande

e ficar pequeno!


Nota do autor."Queria ser imortal para ver onde isso vai chegar."

Roberto Armorizzi

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

ACORDO

Outra vez, dormi.
Desta vez, sem concordar,
vou ter que acordar.

Nota do autor.
“Às vezes, a falta de atenção nos impõe o acordo.”

Roberto Armorizzi

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

CRER, CRIAR...


Em sua volta,
há um mundo que é seu,
que’os outros criam.

Nota do autor.
'”Não pense que o mundo é só seu. Nem mesmo o seu.”

Roberto Armorizzi

OLHAR


Olhar a mim mesmo,
me faz arrogante,
olhar para os outros,
me faz castrador;
olhar para o falso,
me faz delirante,
olhar para a brisa,
me faz sonhador;

nunca sou
quem se espera que seja,
assim eu vou;
sempre quero
que o mundo me veja,
aqui estou;

mas, com juros e multas,
cobra-me a dor;
olhar para a vida,
me faz mais amor.

Nota do autor.
'Sou um ser normal, um misto de "eus", entre o bem e o mal.'

Roberto Armorizzi

segunda-feira, 15 de novembro de 2010

POR UMA ROSA AMARELA

... A bela rosa amarela,
que amor,
aqui, ali, acolá,
ela sempre está ,
entre as flores em rosa,
na espinheira viçosa,
entre as rosas em flor...

Nota do autor.
"Em qualquer lugar do mundo há uma rosa amarela a nossa espera."

Roberto Armorizzi

PENA


Pérola linda,
dentro da ostra,
cresce;

vida tão finda,
folha que’um dia,
desce;

a joia, ilumina,
o saibro, ensina,
com pena, cobre,
a vida menina.

Nota do autor.
“O amor se dissolve no ciclo do mundo.”

Roberto Armorizzi

PESAR

Ninguém o’esquece;
no canto do olho,
ele aparece...

Nota do autor.
“É só distrair um pouquinho, e ele surge do nada, pela lateral da visão.”

Roberto Armorizzi

domingo, 7 de novembro de 2010

FELIZ?

Você é feliz?
Você sabe pôr seu nariz
naquilo que diz?
...

Nota do autor.
“O que significa ser feliz?”

Roberto Armorizzi

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

FELIZ?

Você é feliz?
Você sabe pôr seu nariz
naquilo que diz?
...

Nota do autor.
“O que significa ser feli?”

Roberto Armorizzi

ENCONTRO DE VAIDADES

Aí está
o segredo do “encontro”,
harmonizar nossa vaidade
com a vaidade do outro.

Nota do autor.
“E, por falar em vaidade...”

Roberto Armorizzi

A GRAÇA ESTÁ NO RISO

O mundo
não é de “graça”,
mas nos vende
o que’é preciso;

mas a vida
é melhor vivida
se for repleta
de muito “riso”!

Nota do autor.
‘O “riso” é sempre de “graça”.‘

Roberto Armorizzi

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

ARTISTA, NÃO HÁ

Arte, está na vida,
na razão, na paixão,
naquilo que traz
coisas boas;

mas...

Artista, não há.
A verdade está na arte
do comum,
no amor das pessoas.

Nota do autor:
"Gostaria de citar uma nota, mas fugiu-me o significado."

Roberto Armorizzi

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

BELA NOITE PASSADA EM DIA


Volvia magia,
sorrindo para’a via,
pensar’o dia,
dia e noite,
queria.
Antes de nascer’o dia,
morria,
mas morto, vivia
um lindo sonho,
em noite vadia.

Nota do autor.
“Solto no ar, pendia.”

Roberto Armorizzi

domingo, 17 de outubro de 2010

RIDÍCULO POEMA

Película,
retícula
mútua;

cubícula,
vesícula
putua!


Nota do autor.
Todo poeta deve reservar alguns momentos para compor poemas ridículos.

Roberto Armorizzi

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

PEDACINHO DE NATUREZA


A viagem neste ônibus, longa e cansativa, causa-me agora desagradável início de tédio. Eu procuro inventar coisas para fazer, objetivando distrair minha atenção e obter um pouco de conforto psíquico ante a mesmidade desta situação. Creio que os demais passageiros também teriam semelhante sensação se os mesmos existissem. Ocorre que sou o único ocupante deste veículo que sequer tem motorista.
Começo a ter recordações de meu tempo de criança quando, para mim, viajar de ônibus era uma festa, uma linda aventura, pois eu adorava quando meu pai e minha mãe me levavam em algum lugar para o qual precisavam ir com auxílio do referido transporte. Eu ia, o tempo todo, apreciando a paisagem, o que me fazia transbordar de alegria, mas ficava triste quando a viagem terminava e eu tinha que voltar para casa.
Eram tempos de descobertas, quando eu tomava contato com as coisas do mundo que me cercava. Tudo era novo e deslumbrante como o brinquedo que se ganha de presente no Natal, aniversário ou quando se tira nota alta na escola. Tinha a mesma sensação. Tudo isso era como achar maravilhosos tesouros ocultos nas verdades do mundo encantado no qual vivia.
Hoje, encontro-me nesta longa viagem de infinitas horas, sem sequer ter uma parada, mesmo rápida, que pelo menos dê tempo para tomar um cafezinho ou um copo d’água.
Para completar, forma-se uma típica situação, pois me vejo dentro de um demorado engarrafamento de trânsito.
Meu ônibus encontra-se agora parado na frente de uma loja muito antiga, aparentemente desabitada, com suas velhas passagens fechadas através de selos, a sugerir ante a visão de paredes, portas e janelas bastante prejudicadas, um estado de completo abandono.
Fico, assim, olhando para este curioso cenário, à procura de algo interessante para ver, mas não vislumbro nada que desperte minha atenção em termos de alguma satisfação visual.
Depois de examinar com os olhos cada detalhe da parte frontal desta construção, supostamente sem habitantes, em plena cidade do Rio de Janeiro, instintivamente elevo meu olhar em direção à parte superior da velha construção. Neste momento, tenho a sensação de que meus olhos brilham de deslumbramento, pois no alto do frontispício do prédio há uma sacada que mais parece um grande escaninho e dentro de um dos espaços retangulares a ele pertencentes, vejo, acomodada em atitude de sublime repouso, uma linda e delicada pombinha branca, que pode ser vista em seu inteiro perfil.
Sou, então, invadido por inenarrável felicidade ao ver este “pedacinho de natureza” mostrar a presença de sua paz, repleta de beleza e plenitude em meio à desastrosa imensidão de frias vigas e pilastras de concreto que compõem a aglomerada e compacta desunião que caracteriza a habitual performance da grande metrópole.

Roberto Armorizzi

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

O PARDAL SEM RABO

Minha casa ficava em São Bernardo, um lugar bem afastado da civilização, mas eu gostava muito de lá.
Nossa escola era pública, aliás a única que existia por ali. Naquele tempo sobravam vagas, e as crianças nunca ficavam sem estudar.
Eu era um menino, desses que se podia classificar como “levado”, talvez porque fosse bastante sonhador e, por isso, sempre estava inventando as mais diferentes brincadeiras.
Eu tinha um amigo que morava no outro quarteirão. Ele se chamava Juquinha. Este era de verdade, mas havia outros invisíveis, os quais não tinham nome, pois eu considerava que eles simplesmente eram.
Todo dia minha mãe me acordava bem cedinho para ir à escola, e quando voltava da mesma, eu almoçava e ia correndo brincar.
De tardinha, quase à noite, meu pai chegava do trabalho e me chamava para estudar. Eu não gostava muito, pois era hora de parar com minhas brincadeiras.
Numa dessas tardes de folguedo, eu estava brincando no quintal quando reparei que um pardal estava em seu ninho, no telhado da casa, mas com o rabo para o lado de fora. Eu, como era um garoto peralta, quis logo arranjar um jeito de capturar aquele arisco passarinho. Para isso, peguei bem depressa uma escada e escalei a mesma até alcançar as penas da exposta cauda. Quando logrei êxito neste intento, puxei para fora do ninho a assustada avezinha que, desesperadamente, começou a bater as asas, na tentativa de escapar daquela desfavorável situação. Todo o esforço despendido fez com que as penas se soltassem, ficando as mesmas em minha mão. Neste momento, fiquei frustrado em meu instinto de caça ao ver aquele serzinho alado, a fim de aliviar um pouco seu cansaço, pousar por uns instantes sobre o muro, olhar para mim e, logo em seguida, alçar voo, desaparecendo no meio da mata.
Durante muito tempo aquele simpático pardalzinho sem rabo apareceu por lá pousando sobre os galhos e entre as folhas das árvores, mas tratou de transferir seu ninho para outro local mais seguro.
Hoje, quase cinquenta anos depois, ainda existe em minha mente, a lembrança daquele personagem. E, numa bonita manhã de sol, perguntei a mim mesmo:
- Onde será que anda o tal pardalzinho sem rabo?
E num repente, olhei pela janela e vi pousado num dos galhos da árvore em frente um belo passarinho sem rabo. E era um pardal!
Bastante surpreso, exclamei:
- Faz muito tempo, não pode ser ele!
Mas na verdade, lá estava. Olhou para mim, soltou um piado característico e voou, desaparecendo em meio aos prédios do bairro.
Meus olhos ficaram tristes com saudade de um tempo em que pássaros logravam voar livremente pelos bosques, onde um dos poucos perigos que podiam encontrar era algum menino travesso a tirar as penas de sua cauda.

Roberto Armorizzi

O MENINO-GAFANHOTO

Numa certa manhã ensolarada uma turminha de crianças se dirigia para o rio a fim de dar uns mergulhos em suas rasas margens. Eles caminhavam brincando e cantarolando lindas canções.
Não tinham pressa, pois ainda era muito cedo. É que esses meninos haviam acordado bem antes do sol despontar no horizonte, para poder ficar mais tempo no rio.
Um deles, Joãozinho, era tímido, mas apesar disso acompanhava a turma de amigos por todos os lugares aonde iam.
As pessoas, geralmente, achavam Joãozinho muito quieto, e que não tinha energia suficiente para criar e realizar brincadeiras que todos gostavam de participar. Achavam que ele jamais faria algo importante.
E assim, os amiguinhos iam caminhando pela ruazinha cercada de bosques, em direção ao rio, quando de repente Joãozinho olhou para o lado e viu sobre a folha de uma planta silvestre, um alegre e saltitante gafanhoto.
Então, pensou:
- Deve ser legal ser gafanhoto. Eu queria ser um deles para poder pular livremente entre as folhagens.
Nisso, ele começou a notar que tudo em volta ia aumentando de tamanho, até que se viu bem pequeno, do tamanho de um...gafanhoto! A força do seu pensamento fez com que se transformasse naquilo que, naquele momento, queria ser: um gafanhoto! Que mente forte tem o menino!
- Nossa, eu virei um gafanhoto! Exclamou espantado.
Sem que seus amiguinhos se dessem conta do que estava acontecendo, ele havia se transformado em algo diferente: um inseto!
Joãozinho percebeu então que vinham chegando, cada vez mais, outros gafanhotos.
Nesse momento, o céu começou a escurecer assustadoramente. Os meninos não sabiam bem o que estava acontecendo, mas não demoraram a ver que aqueles animaizinhos estavam invadindo toda a área. Era, na verdade, uma imensa nuvem de gafanhotos assolando aqueles campos, nos quais havia também muitas plantações.
No meio de todo o alvoroço, a turma de crianças saiu do rumo. O grupo estava perdido no meio daquele bosque.
Joãozinho viu que estava no meio de uma explosão de insetos. Tinha plena consciência do grande problema que aquilo significava. Ele sabia que precisava ajudar os amigos que estavam perdidos, e também impedir que os gafanhotos devastassem tudo, inclusive as plantações.
Muita gente acha que gafanhoto não pensa, mas Joãozinho, que naquele momento era um deles, pensou, e bem rápido. Posicionou-se na frente da nuvem e conduziu-a para o rio.
Depois que o último inseto caiu na água, e após todos eles serem levados pela correnteza, não se sabe para onde, o menino tímido voltou à sua antiga forma humana.
Seus amiguinhos, ainda aturdidos, resolveram logo voltar para casa e nem perceberam o grande feito de Joãozinho.
Muitos não compreendem que tem gente que realiza grandes e nobres ações em benefício do bem comum, mas sempre no anonimato, sem se importar com quaisquer reconhecimentos e sem revelar aquilo que são:
“Grandes defensores da humanidade!”

Roberto Armorizzi

domingo, 3 de outubro de 2010

DES-EMBRULHOS

Entre ruas, de caminhos percorridos,
há barbantes de embrulhos, esquecidos;
mesmo’em sendas de asfaltos esquisitos,
vou, cercado de oitavas e’infinitos.

Nota do autor.
"Barbantes de embrulhos desfeitos, sem desate das pontas, são, nas ruas, descartados e passam a formar símbolos de infinito e renovação."

Roberto Armorizzi

POEMA DA JOANINHA

Quem viu, quem viu,
joaninha pintadinha,
no galho da passarinha?

Quem foi que viu,
joaninha tão faceira,
no galho da goiabeira?

Você já viu,
joaninha bem formosa,
no galho do pé de rosa?

Ainda não viu?
Olha só, mas que peninha,
quem não viu a joaninha,
veio’ao mundo e não sorriu!


Nota do autor.
"Uma história de esperança, para o mundo pensar criança.”


Roberto Armorizzi

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

CATRACAS

Hoje tenho pouco a dizer,
mas tanto’a’afirmar,
pois olho ao redor
e só vejo catracas,
sim, muitas catracas,
a desesperar...

Como tem catraquistas
e‘encatracados,
não dá para passar!
Onde vai parar
esse eterno encatracar?

Catracaqui,
catracali,
catracacolá...

Com todos nós,
encatracados
nessa parafernália de catracas,
o mundo vai acabar!

Nota do autor:
“O mundo está vivendo uma invasão de catracas.”

Roberto Armorizzi

terça-feira, 21 de setembro de 2010

BRINCAR COM SIGNIFICADOS

Este texto não é para ser interpretado de forma literal.
Quero, neste momento, expor uma questão, que a despeito de opiniões contrárias, reputo filosófica.
Tomemos como exemplo demonstrativo, a chuva.
Em qualquer lugar, ao ar livre, onde não haja qualquer coisa que sirva de cobertura, a chuva pode cair ao chão sem nenhum motivo impediente.
Dentro de uma casa ou em qualquer outro ambiente fechado, a chuva geralmente não cai em seu interior, em razão de um fator impeditivo que pode ser um telhado ou algo que o valha. Porém, se houver orifícios, rachaduras, etc., no recinto, a água da chuva poderá cair no interior desse espaço coberto.
Mas há lugares onde a chuva não tem possibilidade alguma de cair. Tais lugares situam-se, por exemplo, no fundo do mar, uma vez que tal ambiente é composto, em sua totalidade, obviamente de água.
Agora, deve-se formular uma pergunta em razão da suposta validade de sentido, pelo menos do ponto de vista da quantidade.
Para quê chover sobre o mar?
Isto é algo incompatível com a lógica, uma vez que já há quantidade suficientemente grande de água no oceano, inviabilizando a necessidade da chuva.
O que se pode aproveitar da leitura de um texto como este?
Eis a questão...

Nota do autor.
Estamos cercados de um completo caos universal. Nossas mentes é que interpretam o universo caótico que nos rodeia, categorizando, ou seja, medindo, quantificando, qualificando, analisando, nomeando, etc. São, assim, criados diversos paradigmas que nos dão ilusão de organização e equilíbrio.
A linguagem nos permite brincar com as significações criadas.

Roberto Armorizzi

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

METÁFORA DA “LAMBANÇA”

“Lambança”,
balança
não alcança.

Nota do autor.
"Não dá para mensurar, com ética, certos comportamentos."

Roberto Armorizzi

terça-feira, 14 de setembro de 2010

NÃO ACHEI UM TÍTULO PARA ESTE TEXTO



Castelo, soldado a bater;
soldado, castelo a beber!

Farinha, barriga a encher;
barriga, farinha a caber!

Fazenda, cavalo a correr,
cavalo, fazenda a querer!

Pessoa, cidade a crescer;
cidade, pessoa a sofrer!

Nota do autor.
‘A “desordem da ordem” tirou-me o sentido de encontrar um título para esta poesia e de expressar uma nota que não fosse esta explicação.’

Roberto Armorizzi

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

ALITERAÇÕES SOBRE O “COMER”


Conversas amáveis,
de formas “cantáveis”,
fingindo duráveis,
enfim, só “gozáveis”;

manjares “comíveis”,
saltando seus níveis,
mostrando, visíveis,
os dons acessíveis;

emoções volúveis,
momentos tão dúbeis
questões insolúveis,
que vivem nas “nuvens”.


Nota do autor:
“Situações as quais comer nem sempre é comer.”

Roberto Armorizzi

BOM-DE-BOLA

É certo que o mundo é‘uma bola,
que está sempre por um segundo,
porém, jamais é “bom-de-bola”
aquele que “chuta o mundo”!


Nota do autor.
“A vida é bola no pé.”


Roberto Armorizzi

TRAÇOS ETERNOS

Quero olhar para você
e cantar suas canções,
quero falar com você
e ouvir suas razões;

é tão bom saber
que traços eternos
levam luzes
de seus pensamentos;

é bom compreender
que longos invernos
encerram mil sombras
de tantos momentos;

mas para que chorar,
se vale a pena sorrir?

Então;

“apague” a sombra,
vem, na luz, investir;
“acenda” o brilho,
par’a vida seguir.


Nota do autor.
‘Não faça caso da luz perdida. “Acenda” o brilho.’


Roberto Armorizzi

domingo, 5 de setembro de 2010

QUESTÃO FILOSÓFICA

Deus existe?
Homem insiste?
Diga, Nietzsche!


Nota do autor.
“Uma resposta em cada um”


Roberto Armorizzi

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

SENDA DE QUEM ESCREVE



Beijar o belo,
abraçar o lindo,
trazer do prelo,
publicar sorrindo;

amar a pena,
de forma leve,
na ‘roda’ * plena
na qual se escreve;

‘beijar’ ** a alma,
amar o ser,
grafar com calma,
mesmo sem ver;

esta é a senda
do escritor:
arranque a ‘venda’ ***
em prol do amor!


Nota do autor.
* Caminhada ‘urobórica’, que é o escrever.
** Beijo metafórico.
*** Duplo sentido entre o firme olhar de liberdade e o não se entregar à futilidade literária.


Roberto Armorizzi

terça-feira, 24 de agosto de 2010

CINCO EM UM - SUBLIMES MOMENTOS


São estas pessoas,
tão belas pessoas,
que cantam, que dançam,
declamam,
e’em seu longo’espetáculo,
com muito carinho,
a vida, ensaiam;

são tantas pessoas,
que vêm e se juntam,
tão ricas de alma,
sorrindo com calma,
e’em seus grandes mundos,
se fazem caminhos,
para que deles não saiam;

pessoas queridas,
que amam a vida,
que fazem amigos,
do amor, são abrigos,
que pedem passagem
e criam momentos
de sonhos em flor;

felizes pessoas,
tão fortes e boas,
qu’em nós se expressam,
não param, se apressam,
e sem distinção,
e pura emoção,
ofertam amor.





Ah, é tão lindo este momento,
não dá para esquecer, não dá,
gestos que nos trazem vida,
atos que nos dão coragem,
tempo que nos quer seguir,
mas, enfim, nos faz sorrir.

Ah, momento, belo momento,
de afetos que fazem risos,
de cores em tons precisos,
de vontade de amar a vida,
sentir, calar, olhar, falar
do momento que nos traz aqui!






Olha, amor,
dê mais um sorriso,
outro e mais outro,
sempre, sempre mais,
olha, o mundo sorri sem pensar,
e canta pela voz dos pássaros,
e dorme para “nos sonhar”,
e corre ao passar dos rios,
sem chorar...

Olha, amor,
Abra logo este sorriso,
outro e mais outro,
sempre, sempre mais e mais,
olha, belo instante de ternura,
que se forma e não dura,
num instante vai passar,
vão ficar só os momentos,
com o tempo de amar!






Para todos vocês, um beijo,
um beijo no coração -
eu queria dizer que beijo
pode ser sonho, mera’ilusão,
mas, podem crer, este beijo,
é momento, sim, mas de amor,
o amor do amor,
em sincera demonstração.

Para quem está aqui, um beijo,
um beijo para ficar -
agora,
eu queria afirmar qu’este beijo,
não é sonho ou mera’ilusão,
não,
o beijo que’aqui se dá
é mais que amor do amor,
é amor confraternização!






Momentos são mesmo assim,
vêm e vão ao passar das brisas,
mas ficam marcados, sim,
em lembranças ativas,
que formam um todo
de raro esplendor.

Momentos são sempre assim,
vêm e vão com’o cair das folhas,
mas ficam voltados, enfim,
para outras escolhas,
de’um novo mundo,
a pedir mais amor.


Nota do autor.
“Poemas denotando apenas momentos.”

Roberto Armorizzi

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

NUDEZ MATINAL

Mui’sensual, ao sublime, igual,
é o despir do véu que hoje cobre
sua louca e linda nudez matinal –
quero-a em mim, nueza imoral,
neste amor que já não tem mais fim.

Sou enfim em seu querer se dar,
há você para meu viver, amar,
lembrar
de quando primeiro beijo se deu
feliz porque se quis, estar.

Carne e espírito se unem agora
nesta manhã de luz, que o dia abre...
e deita-se sobre as flores do campo,
das quais flui o néctar
na explosão do desejo,

quando o prazer revigora o sonho,
onde vejo-me solto
e puro neste ensejo
de amor, que ora vejo...
e festejo...
em mim...
em você...

com você...


Nota do autor.
“A sublime beleza de’um fazer amor ao amanhecer.”


Roberto Armorizzi

NOSSOS DOIS QUERERES

Cada um de nós
tem dois quereres,
que nunca estão
sempre em si,
cada um de nós
“é dois seres”,
que estão perto
e longe daqui,

um quer ficar,
o’utro, partir,
um quer pensar,
o’utro, sentir...

Mas nenhum dos dois
quer pedir,
perdoar, dividir,
compartilhar -
quer, um ao outro,
invadir,
e, rebeldia, gerir,
até, competir,
esquecendo’o “existir”,
é o desejo a ferir,

é que no fundo, no fundo,
um quer amar,
o’outro, sorrir...


Nota do autor.
‘Só o ambivalente ser humano “consegue” o contra-senso ao amor.’


Roberto Armorizzi

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

TRISTEZA DE PORTA

A mais esquecida é a porta,
já não é assim com a janela,
pois esta, a paisagem reporta,
e a outra, “se passa por ela”!


Nota do autor.
‘Pela porta, apenas passamos. Na janela, paramos para observar a paisagem do lado de fora. Há também a questão da porta “querer se passar” por janela, denotando falta de autenticidade. Percebe-se tais facetas graças ao duplo sentido demonstrado pela expressão “se passa por ela”.’


Roberto Armorizzi

TERAPIA DO GIBI

Quanto gibi eu já li,
quanto gibi eu pedia,
quanto gibi eu já vi,
quanto gibi eu queria.

Eu sonho ao ler gibi,
eu troco gibi e exponho,
de gibi, eu nunca esqueci,
gibi não é enfadonho.

É muito bom ter gibi,
gibi faz bem par’a vista,
gibi, eu nunca vendi,
não dou gibi, não insista.

Só quero saber de gibi,
somente gibi me’interessa,
eu, lendo gibi, não sofri,
pois só o gibi desestressa.


Nota do autor.
“Ler gibi, um hábito desde a infância.”

Roberto Armorizzi

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

ENTRE O ERRO E O ACERTO

Que triste destino
de um ser perdido,
sofrido, exaurido,
por não saber errar;


tão só, pequenino,
de queixo caído
e coração partido,
por não querer chorar;


gentil, tão fino,
por dentro, ferido,
do caminho, banido,
sem poder voltar;


que’incrível destino,
volto a lamentar,
faço tudo sem zelo
para, com erro, festejar;


mas, enfim,
ai de mim,
é mesmo assim,
não consigo, é o fim,
do acerto, escapar!



Nota do autor:
“Erro e acerto, qual dos dois tem conserto?”


Roberto Armorizzi

terça-feira, 3 de agosto de 2010

SER ABISSAL

Beleza indômita no fundo do ser,
mascara ilusões que não ousa dizer,
só pede, na paz, para enfim se evadir,
e’em fluxos de manchas, na tela, existir.

Beleza sofrida, recôndita está,
tão bela’é ferida mais funda que há,
emerge do sonho e lança-se ao céu,
e cai sobre o pano, pintando esse véu.

O quadro recebe tal força de amor,
a tinta se espalha com arte e frescor,
mas quando percebe que o mundo se esvai,
retorna ao abismo, ess’alma que cai.

Nota do autor:
“Um ser que emerge do fundo de si mesmo, deixa sua marca de beleza na obra de arte e depois mergulha de volta ao seu abismo de origem.”

Roberto Armorizzi

quinta-feira, 29 de julho de 2010

SER TU, EM MIM

A voz, sentir,
o véu, abrir,
o chão, servir,
não sou, és tu...

O mel, sorver,
o não, querer,
o caos, viver,
não és, sou eu...

Todas as vezes,
com todo amor,
estás sorrindo,
és tu, em mim...

O sonho, acordar,
o verbo, versejar,
o sêmen, fecundar,
sou eu, em ti!

Nota do autor:
“De outra face, o mesmo querer.”

Roberto Armorizzi

FLOR, PLANTA E CHUVA

Vejo manhã... chove
como chuva de então,
flores chegam, elas sentem,
querem chuva, planta e chão;

chove, ó chuva bem chovida,
joga su’água querida,
alegrando’a planta macia,
pondo água em sua vida;

vem, ó chuva, eu diria,
pela via, empoça meu dia,
vem, bem da vida,
noite, pós-chuva, morria;

não só de plantas
quero ver chuva,
e não do mundo
de nuvem turva!

Nota do autor:
“Chuva e pós-chuva, numa alternância que faz e jaz a vida.”

Roberto Armorizzi

sábado, 24 de julho de 2010

COMO?

Deus,
centro de nossos “eus”,
por dentro, considerado;

expansão do que é em nós,
expressão do verbo, o som,
para fora, projetado;

se nossa imagem e semelhança, é,
como, então, sentir-se-á
dentro de si próprio?
Para onde poderá
seu “eu”, expandir,
se já é eterno,
infinito e absoluto?

Como, então, será
seu ser-em-si para si,
em relação a nós?
Saberemos disso, após?


Nota do autor:
“Expansão do eterno expandido? Será conseguido?”


Roberto Armorizzi

terça-feira, 20 de julho de 2010

UMA CANÇÃO, AGORA

Vamos cantar
uma canção, agora;
música alegre
para quem sorri,
mas também triste
para quem chora;

prepare a voz
para cantar sem “prosa”;
na poesia,
só quem versa e canta, goza;

vamos cantar
uma canção de ir,
e num momento,
então tornar a vir,
e ouvir
uma canção daquelas,
de encontro ao vento,
e por entre janelas,
para não partir.


Nota do autor:
“Bom é não precisar ir, mas ficar. E uma canção, poder ouvir e cantar.”


Roberto Armorizzi

ILUSÕES DE VISÕES NA ORLA


Não deixe a água rolar,
corre, corre para o mar!
Os períodos acabam,
a ponto de se inventar momentos,
tão sedentos

de fazer voltar a vida
num instante,
na sensação errante
de se estar pendurado
num pedaço de barbante.

Um dia tudo isso se espraia
num fluxo de água e areia,
na beira da praia;
essa meiga e bela visão rara,
queremos que jamais se esvaia.

Nota do autor:"Lugar sem sombra porque a luz é maior."

Roberto Armorizzi

terça-feira, 13 de julho de 2010

TRÊS EM UM

Comentar sobre ti?
nem quero lembrar,
no muito, posso pensar,
mas falar, nem pensar...


Eu não sou esquizofrênico,
nem mero “esquizofrenista”,
ah, sim...eu sou “acadêmico”
da “boa” esquizofrenia...


Verdade, eu sou poeta,
se todos me veem assim,
é outra, porém, minha meta,
“mesmice bela” não é para mim...

No mais, queiram ler nas aspas e reticências, se acharem viável.


Nota do autor:
‘Apenas um questionamento: “o discurso está nas entrelinhas?” ‘


‘Observação final: “este texto é mais para ser lido do que para ser declamado ou dito.” ‘


Roberto Armorizzi

domingo, 11 de julho de 2010

CANSADAS CADEIRAS




Nunca vi poema
que exaltasse
cadeiras “senteiras”,
mas sim, “cadeiras”
inteiras,
faceiras,
“danceiras”,
arteiras,
“reboleiras” -
que lindas “cadeiras”,
festeiras,
“showeiras”...

Sentar em cadeiras,
em nossas “soneiras”,
sempre queremos,
para descansar “cadeiras”,
sem pensar nas “canceiras”
das frágeis cadeiras,
a ranger sob o peso
de nossas “cadeiras”!

Nota do autor:
‘Há, nesse mundo, cadeiras e “cadeiras”.’

Roberto Armorizzi

domingo, 4 de julho de 2010

“PASSAR” NÃO PASSA


Vem passando
a passarada,
que’ao passar,
já passeou!

Passa-passa,
passarela,
“passarim” -
passarinhou!

O passante
que passava,
passaria?...
já passou!

bem passaram
os que passam,
pois, passado,
“futurou”!


Nota do autor:
“ Não há presente, passado e futuro nesse eterno aqui-e-agora.”


Roberto Armorizzi

domingo, 27 de junho de 2010

MENOS... MAIS LUZ!!!


Por onde passei,
eu vi, encontrei...

O sopro da ida,
o rumo do tempo,
o muito do espaço,
de ti, sobre mim...

O jeito da vida,
o sentir do corpo,
o mito da volta,
de lá d’onde vim,
do fim... enfim,
princípio de mim,

por vital calor,
do astro que for,
do sol, “quanta”, luz,
que’invade esse amor...

Quer luz!
Mais luz!

Vem, luz!

Só luz!!!

Luz!!!

Uz!!!

Z!!!

...!!!

..!!!

.!!!

!!!

!!

!

Pufft!!!

RESSURGE A LLLUUZZZZ!!!

Nota do autor: “Alternância universal entre o sim e o não.”

Roberto Armorizzi

sábado, 26 de junho de 2010

EU SOU... NÃO SOU...

Eu sou...
Advogado,
mas não advogo,
sei sobre a mente,
e não sou psicólogo,
filosofo,
sem ser filósofo,
estudo Deus,
e nunca fui teólogo;
enfim,
sou tudo e nada sou.

Afinal, o que sou???

Aaaaaahhhhhhh!!!
Não me amola,
não me “seca”,
pulo mais que perereca,
sou artista, sou poeta,
sou “levado da breca”!!!


Nota do autor:
“Só poeta sabe o que é.”


Roberto Armorizzi

quarta-feira, 23 de junho de 2010

MENINA

Queria deixar de te amar,
mas não posso,
o tempo passou
e não te esqueci...

Queria deixar de te amar,
de lembrar do que foi nosso,
não posso,

triste sina,
a de querer,
mulher pequena,
que me fascina,
minha doce menina...


Nota do autor:
“Talvez um dia eu consiga não lembrar mais de ti.”

Roberto Armorizzi

sexta-feira, 18 de junho de 2010

TAMBORILEIRO


Ah! Essa noite eu despertei sonhando
um sonho leve de viver...
Sonho de acordar,
de dar,
de ganhar,
de receber,
sem nada ter,
mas, a querer...

Ah! Essa noite os tambores voltaram,
muito alto, eles tocaram
um som livre de saber,
de querer
batucar,
de dançar,
de gritar!!!
entender,
renascer...

Quis esperar...
beber o néctar
que sorve por primeiro
o forte aguaceiro
que acorda a vida,
mas dorme inteiro,
no sonho – celeiro,
e junta a força
que vem de dentro,
do tão “vozeiro”
som de luz do tamborileiro...


Nota do autor:
“Som de luz do tamborileiro, imagem acústica registrada por um divino “tablateiro.”



Roberto Armorizzi

terça-feira, 15 de junho de 2010

EXPIAÇÃO DE UM BODE ESPIATÓRIO

Era uma vez, Bodão,
um bode a passear,
que gostava
de as bodas, olhar.

Além de curioso,
era bode ambicioso,

só olhava
bodas de prata, ouro, diamante,
com um rico olhar ditoso.

Um dia,
de tanto espiar
as belas em seu passar,
conheceu Glória, boda solteira,
deveras rica e faceira,
que o fez apaixonar.

E foi assim tão lindo o’sonho,
que, com ela, quis se casar,

mas teve relação não-grata,
nem completou bodas de lata,
pois bem logo ela se foi,
para não mais retornar.

Depois de muito chorar,
nunca mais ele quis voltar
às lindas bodas, espiar.

Após essa triste história,
Bodão perdeu sua “glória”
de um grande espiador,

caiu em mundo ilusório,
chegou a ser vexatório,
sua vida assim desabou.

Por ser tão espiatório,
depois de desfeito o casório,
fez-se bode expiatório
da culpa que nele ficou.


Nota do autor:
"Esta é uma lição para o conquistador barato, pois não se deve cobiçar as bodas sem ter o devido lastro."


Roberto Armorizzi

terça-feira, 8 de junho de 2010

CANTORIA DAS MOÇAS NAS PARREIRAS

Seguem cantando em grupo
com cesto em mão,

falam sorrindo em vultos
que lá se vão;

colhem a paz do fruto,
se cala a voz,

moldam em força leve,
a dor atroz;

passam o bem da vida
para os que vêm,

lutam na paz rendida
que solta o bem;

tiram da alma o brilho
que não reluz,

e'bebem sem ter o vinho
que traz a luz!



Nota do autor:
'Eis os segredos das "fadas" dos campos e plantações.'


Roberto Armorizzi

segunda-feira, 31 de maio de 2010

BONECAS DESCABEÇADAS


Elas,
são tão belas, assim pensadas,
bonecas descabeçadas.


Nota do autor:
‘Chapéu “ensolarado”, mundo “desidratado” ‘.
Roberto Armorizzi

MINHA VIDA

Visão – sente,
correria,
razão – mente,
não viria;

sonho – volta,
avenida,
ponho – solta,
minha vida;

belo – alma,
alimenta,
selo, calma,
não aguenta;

posto- resto,
sorriria,
rosto – presto,
sim, queria;

minha vida, plus,
se queria, ser um dia,
meu encontro, luz,
sorria...

Ora, se vou,
bela parceria!


Nota do autor:
”Ideia principal: criar palavras compostas e com sentido. O fim das palavras é sempre invadir o não-pensar. É que a força do verbo evade a razão. Então, a emoção traspassa o acaso e dilacera a dúvida de não poder versejar.”


Roberto Armorizzi

NU... "POÉTICO"

Que graça tem
um amor fecundo,
tão algoz, vinculado ao mundo?

Que graça tem
um amor ingrato,
que nos faz gato-e-sapato?

Que graça tem
um amor diferente,
que nos faz sorrir e queda-se ausente?

A graça está no amor aberto,
discreto,
que é líquido-e-certo,
mas também deserto,
tão longe, tão perto,
torto,
ou reto,
sério
ou deletério,
amor, não-amor,
crente ou cético,
nu...”poético”.


Nota do autor:
“Que amor será esse, nu...”poético”?


Roberto Armorizzi

FRACO, TÃO FORTE

De tão fraco,
venço e caço;
de tão forte, penso,
deito em mim, cansaço,
e longe passo,
de teu abraço...

Tão belo porte,
de ti, eu vejo,
passo tão certo
do meu desejo,
e perto posso,
sentir teu beijo.

O meu amor,
em ti, festejo.


Nota do autor:
‘Encontrar o amor em ti, “mal benfazejo.” ‘


Roberto Armorizzi

domingo, 23 de maio de 2010

LONGE...



Longe do perto, está céu aberto,

o longo deserto do meu coração;

o que se expande, o amor não esconde,

perto do longe, está o perdão!



Nota do autor:

"Existe algum lugar onde o perdão se esconde?



Roberto Armorizzi

segunda-feira, 17 de maio de 2010

ROMPER COM A MOLDURA

O que será da arte
quando as paredes
não mais “moldarem” e “delimitarem”
o vazio espaço-obra de arte?

A próxima etapa será “romper com a moldura”,
tirar as paredes, telhados e chão,
para excluir totalmente o objeto;
é o “puro espaço-obra de arte” que urge,
o “só-conceito”, surge!


Nota do autor:

UMA REFLEXÃO!!!

“Será que a arte finalmente será absorvida pela filosofia, quando se libertar totalmente do objeto?”

(Dedicado à arte puramente conceitual contemporânea).

Roberto Armorizzi

AGENDA

Agenda cheia de'horrores,
agenda cheia de risos,
agenda cheia de cores,
agenda cheia de'avisos;

agenda cheia de danos,
agenda cheia de amores,
agenda cheia d'enganos,
agenda cheia de dores;

agenda cheia de medos,
agenda cheia de vidas,
agenda cheia d'enredos,
agenda de lutas perdidas;

que dia tão desastroso,
mas pode ser que eu m’entenda,
meu Deus, eu estou tão nervoso!
onde esqueci minh'agenda?!


Nota do autor:
"Aliterações dedicadas à minha agenda."


Roberto Armorizzi

domingo, 9 de maio de 2010

PREÇO - "SER DE GESSO"

Dizem...
"Que todo homem tem seu preço";

muitos não veem
tais dizeres com apreço,

pois bem conheço,
de tanto ver,
o "ser de gesso",
metade humano,
meio adereço;

que triste fim,
é dizer sim
ao belo avesso,
será do agora
ou é de berço...

Se é assim, oh! ai de mim!
Pois o meu preço,
jamais esqueço:
é caminhar tão apressado,
desde o começo...

Nota do autor:
' "Ser de gesso": frio, belo e travesso.'

Roberto Armorizzi

domingo, 2 de maio de 2010

DOIS PONTOS MÓVEIS


Estou no meio de um ponto,

do qual aponto outro ponto,

o ponto que quero chegar;


mas para eu ir a'esse ponto,

preciso sair, estou tonto,

do ponto que sai meu olhar;


e o ponto que quero, que conto,

me dá outro olhar, mas de encontro

ao ponto que quero deixar;


mas não sei sair deste ponto,

que faz o encontro do ponto,

no meio de mim, situar;


não sei onde eu vou chegar,

do jeito que quero apontar!



Nota do autor:“Pontos que determinam singularidade.”



Roberto Armorizzi

"ACANISTAS"

Aqueles, tão raros, perfeitos,
escondiam tão bem, “o pincel”,
esses, em caros defeitos,
"arranham o céu";

aqueles, com velhos conceitos,
"flutuavam", do risco ao pastel,
esses, ganharam direitos
de "chaparem" ao léu;

aqueles, tão logo aceitos,
ascendiam imagens de "mel",
esses, em toques desfeitos,
nos "tiram o chapéu".


Nota do autor:
“Antes, só aqueles mandaram. Depois, todos ficaram.”
(Poema dedicado aos pintores)


Roberto Armorizzi

sexta-feira, 23 de abril de 2010

VIOLETAS


Violetas em campos felizes,
violetas em campos lindos,
violetas, formam matizes,
violetas em campos vindos, findos...

Violetas em chuvas finas,
violetas em temporais,
violetas tão pequeninas,
violetas grandes, fatais, morais.
- Vêm, violetas!


Nota do autor:
“Senti vontade de falar de violetas. Violetas, flores ou não!”
Roberto Armorizzi

domingo, 18 de abril de 2010

SECAS LÁGRIMAS

Não devo mais verter
infinitas lágrimas
de um seco e ébrio fluido.

É o momento em que corre o tempo,
gira o mundo
e as pedras constroem a vida.

Há muito que caiu o copo,
espalhando a água.

Mas hoje é tempo de felicidade.

Para isso, chego na pura expressão da consciência humana.


Nota do autor:
"O retorno ao tempo."

Roberto Armorizzi

sábado, 17 de abril de 2010

SER ESPELHADO


Vive olhando o monstro,
ser espelhado,
homem ousado,
para a imagem, voltado;

sonha em passar por um deus,
velando seus “eus”,
homem castrado,
dentro do mundo, cercado;

pensa no amanhã querido,
futuro perdido,
homem fixado,
mercê da sorte, levado.


Nota do autor:
“Ser espelhado, olha mas não vê seu reflexo.”
Roberto Armorizzi

domingo, 11 de abril de 2010

MUNDOS ETERNIZADOS

Ouve-se “sons afunilados”
na deformação de espaços
de vivos crucificados
e’spíritos desencarnados;

passam em “tons acinzentados”,
mas encontrarão regaços
em sonhos santificados
por mundos eternizados.


Nota do autor;
‘Os “sons afunilados” em “tons acinzentados” que permeiam o caminho da luz’.

Roberto Armorizzi

VISÃO DE LUZ


Tua visão é bela,
desses mundos paralelos,
carregas o fluxo astral,
que’outra dimensão traduz;

tua visão é simples,
dessas forças “naturais”,
levas ao mundo “além daqui”,
o poder e imensidão da luz;

tua visão é rica,
como a “flor” qu’é divinal,
carregas a dor do perdão,
sem clamor de vibrações fatais;

tua visão é livre,
nessas vidas já passadas,
invades as noites d’alma,
com clarões de redenções totais.


Nota do autor:
“Visão de luz que podemos acessar lá dentro de nós.”

Roberto Armorizzi

sábado, 10 de abril de 2010

HIPÓCRITA? POR QUE?

Achas-me hipócrita?
Por que?
Acontece que somos humanos,
Ou insanos, ou mundanos, ...
É o que somos;

por que ao outro, julgar,
se não sabes enxergar
o que de ti, aquele vê?

Achas que falas
somente verdades?
É certo que não só,
pois ninguém disso é capaz,
só verdades, não dirás;

se falares o que pensas,
uma guerra, acharás,
ou te atreverás?!

Nota do autor;
“A paz deve muito à hipocrisia social.”

Obs: Este poema retrata um ponto de vista. Há que respeitar outras opiniões.

Roberto Armorizzi

sexta-feira, 9 de abril de 2010

PARTIR


Tanto tempo faz que partiste,
partindo meu coração;

quanto tempo faz para mim,
será que para ti tanto faz?
Será que partir deixa inteiro o tempo, o coração,
ou será que o tempo se parte ao partir, ou se perde?
Talvez faça parte do tempo
ou do amor, em torno desse tempo;

quero ser parte desse amor,
desse mundo sem tempo,
para partir, repartir...
Pois teu mundo foi só partir,
e o meu, pensar em voltar;

pensar no dia do amanhã, na partida?
Nem pensar;

é melhor partir sem pensar, falar,
ouvir, sentir...
Ficar pensando, estar aqui...
Ficar de uma vez, ficar por aqui...
Ou voltar...
Quero voltar, ficar e te amar...
mesmo num amor de não voltar!


Nota do autor;
“Partir, só partir, é partir por partir; voltar, só voltar, é voltar por voltar; mas ficar, só ficar, é ficar para amar.”

Roberto Armorizzi

quarta-feira, 31 de março de 2010

MAGREZA


Quero falar da magreza,

fina "fartura",

beleza seca,

tem medo da mesa...



Nota do autor:

"Abaixo a ditadura do peso!"
Roberto Armorizzi

terça-feira, 30 de março de 2010

HISTÓRIA DE UM SER-AÍ


História de andar,
sofrer,
cantar,
sorrir;

história de falar,
querer,
orar,
pedir;

história de mandar,
pensar,
matar,
ferir;

história de não dar,
não ter,
roubar,
mentir;

história de tentar,
perder,
ganhar,
cair;

história de viver,
voltar,
amar,
sentir;

um pouco de ficar,
um tudo de partir,
um só querer: não ir...


Nota do autor:
‘História de uma “especial natureza”, achada e perdida no tempo.’
Roberto Armorizzi

MUNDO SEM LUGAR


Dois demônios, irmãos gêmeos,
tão aflitos zombeteiros,
tão “corretos”, tão boêmios,
são autênticos “arteiros”;

de uma era sem poética,
vêm do sonho acordado,
numa ótica patética,
fazem rumo tresloucado;

eles vêm de algum “inferno”,
para nos atormentar,
fazem tenebroso inverno,
nesse mundo sem lugar.

Nota do autor;
“Dois demônios, Sardônio e Sardaneu, nascidos do nada, das profundezas do inconsciente ou de algum inferno produzido por uma metáfora deste mundo sem lugar, onde vivemos a sonhar e a poetar.”
Roberto Armorizzi

domingo, 21 de março de 2010

MUNDO DEMENTE


Da janela fechada,
“vejo” o som da noite,
da cidade “reluzente”;
são ruídos do aço tangente,
tal qual ranger de dentes,
assaz estridente,
delírio pungente,
a ruir meus tímpanos, ouvidos,
e a procurar espaço,
no bagaço,
ferindo gente,
que passa em frente,
assim tão crente;

a dor de um mundo ferido,
que hoje jaz morrido,
sofrido, sem alarido... perdido
pela força da voz decadente, pendente,
em um mundo de gente,
que passa imprudente, ausente,
é o fim para quem, ao menos, sente,
e chora, e dorme...
sob um mundo
mais que carente,
descrente, “livre”, impotente;

e continua para quem se vale...
de tudo que se apresente,
seja decente
ou incoerente...
literalmente,
não há quem aguente!


Nota do autor:
‘A vida passa e o fruto não fica; “ó vida rica!”’
Roberto Armorizzi

quarta-feira, 17 de março de 2010


COISAS DO EGO.

Nunca gostei de ser o melhor amigo de alguém, pois não há quem seja perfeito o bastante para ocupar essa posição. É que todo e qualquer pequeno lapso que tal amigo cometa, será o bastante para o outro, que não vê seus próprios erros, o julgar.
Não é à-toa que, em todo momento, ouvimos muita gente lamentando-se por ter conseguido se desentender com o seu melhor amigo.
Por isso, quando alguém quer me eleger tão virtuoso personagem, digo que essa “imagem” está em outra pessoa, e não em mim.
Das duas, uma: ou esse alguém vai procurar o “amigo perfeito” em outro lugar ou aceita o amigo comum e imperfeito que sou. É uma questão de escolha (Livre Arbítrio).

Nota do autor:
"O melhor amigo, na verdade, deixa o outro mal-acostumado."


Roberto Armorizzi

quarta-feira, 10 de março de 2010

DESENCONTRO


Que indignação é essa?

Achas que brincaram com teu sentimento?

Mas, ao menos, ao outro compreendeste?

A isso, permaneces ausente?

Não será

que surgiste do nada,

invadiste seu caminho,

e primeiro, com ele, brincaste,

ficando a isso, indiferente?

Por que uma simples reação

foi motivo para formar

total desencontro,

uma bola de neve,

a rolar sem sentido aparente?

Será que a isso pode responder

o ego, quando vê

um sentimento de perda querido,

belo termo técnico usado

pelo psicólogo instruído,

quando quer ser convincente?

Bela forma de ir em frente,

afastando-se de um grande amigo,

sem, ao menos, querer entender

que o mesmo também sente.


Nota do autor:


"O ego parece ser o grande pretexto para justificar o desencontro."


Roberto Armorizzi

terça-feira, 2 de março de 2010

O SER-EM-SI, PARA O SER, NÃO É

Não sou o que queria
nem o que quisesse ser,
pois não sou o que devia ser;
sou um ser que seria,
se pudesse ter sido
ou querido não ser;

mas sou um ser que será
na medida que seria,
se, livre, pudesse ser
o ser que nunca fui;
sou um ser que seria,
se pudesse, no não-ser, ter sido;

não deveria ter sido ser,
mas um belo não-ser!
Pois nunca me foi dado saber
sobre meu ser-em-si,
- Fui, sou e serei?
Sinceramente, não-sei!

Nota do autor:
“Querer ser ou ter sido, não é ser. Mas tudo teria mais sentido, se não se fosse meramente ser, mas não ter sido o ser menos sentido, do que viria ser o tendo sido do então ser.”

Roberto Armorizzi

VOLÚPIAS DE AMOR


Ventos soprados por bocas
em beijos invisíveis;

ventos que alisam as nuvens
em toques mui’sensíveis;

bocas que se unem em ritos
de ânsias tão incríveis;

mãos que se afagam em busca
de desejos bem visíveis;

flores, nos campos,
dão claros risos de cor;

bocas e mãos se perdem
em múltiplas volúpias de amor.


Nota do autor:
“Os seres buscam saciar seus desejos, em constante frenesim suavizado pelo embalar dos ventos.”
Roberto Armorizzi

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

A RIMA

Sempre é bom procurar,
para um bom poetar,
ter cautela ao rimar;

rima-se luz da lua,
com reflexo na rua,
é um exemplo a se dar;

mas um outro sentido,
da palavra ao ouvido,
pode fazer pensar;

mesmo que pouco importe,
sorte rima com morte,
e amar com chorar;

bel’a palavra sentida,
pode virar ferida,
com o triste rimar.


Nota do autor:
“Pode-se rimar do jeito que se quiser, mas, às vezes, a rima pode entristecer a beleza poética.”

Roberto Armorizzi

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010



Fui ao deserto

e vi

aquele homem

discursando branduras,

geniais figuras;

após,

todos o chamaram:

- louco!

Fui às multidões

e vi

um outro homem

vociferando loucuras,

bestiais agruras;

após,

todos o chamaram:

- gênio!


Nota do autor:

"Louco aplaudido, é gênio. Gênio sem plateia, é louco."
Roberto Armorizzi

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

POEMA DO ÉBRIO

Estava tomando gim,
saí,
tropecei, caí,
bati com nariz
no capim.

Estava sem dindim,
corri,
eu cansei, sorri,
os outros zombaram
de mim.

Sujei meu terno de brim,
perdi,
se chorei, nem vi,
eu estava
assim-assim;

resolvi ir pr'a casa,
dormi.


Nota do autor:
“Às vezes é bem melhor ir dormir.”

Roberto Armorizzi

SOLIDÃO

Um sofrido
retornar da ferida;
amor: ilusão,
passada contida;

um perdido
caminhar de uma vida;
dor, solidão,
rua sem saída. “


Nota do autor:
“Um dia desses, caminhava eu pela minha cidade e, tentando encurtar o caminho, entrei numa rua sem saída. Tive que voltar, obviamente. Tal fato concreto, deu-me inspiração para compor este pequeno poema.”

Roberto Armorizzi

FANFARROSAS

Um dia,
veio-me a imagem
de um mar-de-rosas;
comecei a cantar prosas,
formosas...

Mas, n'outro dia,
as rosas, já tristes,
tornaram-se idosas;
comecei a cantar troças,
fanfarrosas,

para que as rosas,
ao murcharem, sorrissem,
ao menos mais uma vez,
airosas.


Nota do autor:
“O apagar das luzes deve ser brando e glorioso.”

Roberto Armorizzi

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

PRÓPRIO PÂNICO

Quando o Drácula
começa a perseguir
seu próprio sangue,
este é o momento
em que nele surge o pânico!

Aí ele não vê
sua própria imagem
no espelho.

Nota do autor;
"Visão panicada e vazia do espelho."

Roberto Armorizzi

LOGÍSTICA DESLOCADA

Tudo que calo,
tudo que falo,
tudo que digo,
tudo que brigo,
está no ilógico,

pois a lógica,
desloca-me a logística!

Nota do autor:
"A lógica surge do ilógico."

Roberto Armorizzi

FOME DE PENSAR


Sinto
imensa fome de pensar,
mas como pensar,
se não posso
comer'as ideias?

Invade-me a dúvida...
E com a dúvida,
evadir-me-ei!

Nota do autor:
"A dúvida de como comer ideias paralisa o pensar periférico, mas deixa inteiro o centro nervoso comum."
Roberto Armorizzi

domingo, 31 de janeiro de 2010

PASSO, MAS NÃO PASSEI


Ao olhar a bela foto

de'uma linda praça no Rio,

senti'uma estranha emoção,

meditei por horas a fio.


Quando a foto foi batida,

eu não havia nascido,

pois esse real logradouro,

há muito foi construído.


Hoje eu, por ela, ando,

e nela tanto passeei,

mas vendo a foto, percebo:

nesta praça, eu nunca passei.



Nota do autor:

"Passo por aquela, mas não passei por esta, pois não é a mesma praça. Tudo muda ao sabor do tempo."

sexta-feira, 29 de janeiro de 2010

Confiava em Ti


Porque me traíste?
Em ti confiava...
Atitude triste,
Em ti acreditava...

Meu sonhos entreguei a ti,
Eram partes de mim,
Momentos de vida...
Triste despedida!

De ti recebi espinhos,
Deixaste-me sozinha,
Seguirei meu caminho.

Levo-te na lembrança
Como alguém sem importância
Que não possui limites
Em sua própria insignificância...

Poesia de Flávia Flor (Assaife)
http://www.flviaflor.blogspot.com
Todos os direitos de autoria reservados

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Decepção Amarga


Promessas não cumpridas
Desculpas descabidas
Sonhos destruídos
Palavras proferidas

Flecha lançada
Tiro certeiro
Mira perfeita
Suspiro derradeiro

Oceano de Lágrimas
Ondas de Mágoa
Ferida Exposta
Tsunami revolta

Dor pungente
Desfiladeiro efervescente
Alma queimada
Decepção Amarga

Poesia: Flavia Flor (Assaife)
http://www.flviaflor.blogspot.com
Todos os direitos de autoria reservados