Anarquismo verde

Anarquismo verde
Foto de Walfrido Neto- Anarquia Verde

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quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

A RIMA

Sempre é bom procurar,
para um bom poetar,
ter cautela ao rimar;

rima-se luz da lua,
com reflexo na rua,
é um exemplo a se dar;

mas um outro sentido,
da palavra ao ouvido,
pode fazer pensar;

mesmo que pouco importe,
sorte rima com morte,
e amar com chorar;

bel’a palavra sentida,
pode virar ferida,
com o triste rimar.


Nota do autor:
“Pode-se rimar do jeito que se quiser, mas, às vezes, a rima pode entristecer a beleza poética.”

Roberto Armorizzi

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010



Fui ao deserto

e vi

aquele homem

discursando branduras,

geniais figuras;

após,

todos o chamaram:

- louco!

Fui às multidões

e vi

um outro homem

vociferando loucuras,

bestiais agruras;

após,

todos o chamaram:

- gênio!


Nota do autor:

"Louco aplaudido, é gênio. Gênio sem plateia, é louco."
Roberto Armorizzi

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

POEMA DO ÉBRIO

Estava tomando gim,
saí,
tropecei, caí,
bati com nariz
no capim.

Estava sem dindim,
corri,
eu cansei, sorri,
os outros zombaram
de mim.

Sujei meu terno de brim,
perdi,
se chorei, nem vi,
eu estava
assim-assim;

resolvi ir pr'a casa,
dormi.


Nota do autor:
“Às vezes é bem melhor ir dormir.”

Roberto Armorizzi

SOLIDÃO

Um sofrido
retornar da ferida;
amor: ilusão,
passada contida;

um perdido
caminhar de uma vida;
dor, solidão,
rua sem saída. “


Nota do autor:
“Um dia desses, caminhava eu pela minha cidade e, tentando encurtar o caminho, entrei numa rua sem saída. Tive que voltar, obviamente. Tal fato concreto, deu-me inspiração para compor este pequeno poema.”

Roberto Armorizzi

FANFARROSAS

Um dia,
veio-me a imagem
de um mar-de-rosas;
comecei a cantar prosas,
formosas...

Mas, n'outro dia,
as rosas, já tristes,
tornaram-se idosas;
comecei a cantar troças,
fanfarrosas,

para que as rosas,
ao murcharem, sorrissem,
ao menos mais uma vez,
airosas.


Nota do autor:
“O apagar das luzes deve ser brando e glorioso.”

Roberto Armorizzi

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

PRÓPRIO PÂNICO

Quando o Drácula
começa a perseguir
seu próprio sangue,
este é o momento
em que nele surge o pânico!

Aí ele não vê
sua própria imagem
no espelho.

Nota do autor;
"Visão panicada e vazia do espelho."

Roberto Armorizzi

LOGÍSTICA DESLOCADA

Tudo que calo,
tudo que falo,
tudo que digo,
tudo que brigo,
está no ilógico,

pois a lógica,
desloca-me a logística!

Nota do autor:
"A lógica surge do ilógico."

Roberto Armorizzi

FOME DE PENSAR


Sinto
imensa fome de pensar,
mas como pensar,
se não posso
comer'as ideias?

Invade-me a dúvida...
E com a dúvida,
evadir-me-ei!

Nota do autor:
"A dúvida de como comer ideias paralisa o pensar periférico, mas deixa inteiro o centro nervoso comum."
Roberto Armorizzi