ENCANTOS MIL?
Triste paradoxo
Os dias da minha cidade
Indigência sob a marquise
Do Apart Hotel Beira-Mar
Cobertores trapulhentos
Descobrem a realidade fria
Sob o sol de verão...
O cheiro apodrece por dentro
Das narinas sentadas aos gabinetes:
- Fecha as janelas!
- Liga o ar!
Não vai adiantar,
Nada fecha hermeticamente,
Fica sempre uma abertura,
Por menor que seja.
O cheiro vai continuar!
É cada vez mais negra a minha cidade
A cidade do sol...
É cada vez mais torpe a minha cidade
Noites com menos luar...
Dói em mim a minha cidade
Doem olhos famintos, pedintes,
Doem cheiros da podridão hipócrita!
Dói-me a arrogância dos doutores de bosta
Dói-me a guerra dos verdadeiros farrapos...
Dói-me a mesquinhez dos megalômanos
Porra, hoje a minha cidade é só dor!
Dói-me a solidão coletiva
Dói-me a sordidez psicótica
que governa,
Sou uma estátua gótica
Que hiberna
Ruindo o gesso por dentro...
Chorando lágrimas de sangue
Como premunição de santo
Criado pelo santo homem
Para ter dó e perdoar
O pobre homem!
Pobre homem desgraçado
Emaranhado em desejos perversos
De Poder até domar os retrocessos.
Pobre homem pré-potente
De tanta potência extingue a si mesmo
De tanta pobreza de essência
Vê a pobreza alheia ignorada na Ceia,
Apenas como constituinte do Inverso;
E ele sim, só ele,
Constituindo todo o Universo...
Imagem retirada do site Google
Postado por Lila Marques - www.liriolilasblogspot.blogspot.com
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